domingo, 9 de janeiro de 2011

Incondicionalidade




Dizem ser o amor, incondicional...
Acho que a amizade deveria ser também incondicional, um favor deveria ser incondicional,até mesmo um sorriso ou qualquer gesto simples,deveria ser incondicional...
Uma vez ouvi falar que sentimentos não devem ser agradecidos,realmente! Imagina só,alguém diz que te ama e você diz:Obrigado!
Não! Sentimentos não devem ser agradecidos porque eles nascem involuntariamente, então ou você os retribui, também involuntariamente ou simplesmente faz com que seu ego cresça com os sentimentos que lhe são ofertados e permanece "intacto", sem retribuições,afinal só se retribui aquilo que se adquire primeiro.
Bom, e a incondicionalidade? Será que ela realmente existe?
A verdade é que qualquer oferta está longe de ser incondicional!
Como disse, o amor, a amizade, ou qualquer outro tipo de sentimentos, podem nascer incondicionalmente, porém sua oferta acaba tornando-se completamente CONDICIONAL.
A decepção só existe porque sempre esperamos das pessoas a reciprocidade e quando as pessoas não são recíprocas conosco ou se ao menos não recebermos nada em troca de nossas "ações benévolas" e "sentimentos puros",acabamos nos frustrando com isso,nos decepcionamos e tornamo-nos pessoas desacreditadas.
Algumas pessoas quando são "decepcionadas" começam a enxergar os outros como os piores seres da face da terra, os denominam como egoístas, egocêntricos, dentre tantas outras características que são oriundas da ingratidão! Mas o que essas pessoas acabam se esquecendo de fazer, é de auto-analisarem-se e enxergar que todas essas características cabem também a si mesmas e acrescenta-se ainda mais uma:o mísero “condicionalismo” mascarado de boas intenções,quando na verdade as verdadeiras intenções são: receber,receber e receber sempre algo em troca do que se oferta.
A verdade é que na grande maioria das vezes, praticamos o “condicionalismo” inconscientemente, pois a priori, fazemos a ação impulsionados pela vontade própria, que é oriunda do apreço que temos por determinada pessoa ou simplesmente pela intenção de fazer o bem...E fazemos...Tornamos a fazer... Até que chega um momento em que quando não somos retribuídos de alguma forma, achamo-nos injustiçados ou esquecidos e até mesmo chamamos de ingratas as pessoas que deixaram de retribuir-nos algo...Agora,me diga: se realmente nossas ações são feitas com intenções e sentimentos verdadeiros e acima de tudo,se são de fato INcondicionais,por que motivo nos frustramos quando não há reciprocidade de nenhuma forma? Afinal, as pessoas não são obrigadas a retribuir-nos aquilo que as ofertamos com as mais boas intenções, das quais não queremos nada em troca,não é mesmo?
Pois bem, é por este fator que concordo com Nietzsche, quando disse: "Em última análise, amam-se os nossos desejos, e não o objeto desses desejos." em outras palavras: Não amamos as pessoas e sim aquilo que elas nos proporcionam.
Neste aspecto, temos amigos, amores, paixões e etc., por pura conveniência. Não pensamos nos outros, até podemos pensar que pensamos, mas pensamos, porque pensamos mesmo é em nós mesmos.
É... Talvez eu esteja generalizando demais, mas no momento, é assim que enxergo os seres humanos: Incapazes de oferecerem sentimentos realmente puros e sem intenções de retorno algum... E isso não é apenas uma crítica com bases em terceiros, mas é também uma auto-análise...
Talvez eu mude de idéia, talvez não seja impossível a existência da incondicionalidade, bom... E se realmente não for impossível, quero ter um dia a possibilidade de ofertar, doar, amar... Incondicionalmente! Afinal, desde que cheguei a tais conclusões, é isso que tenho tentado fazer...mas sei que é um longo caminho de obstáculos, que se segue sem saber se o destino final realmente existe.
Até lá, continuo com a mesma opinião, e continuo acreditando que a única pessoa que foi e é incondicional em suas ofertas e seu imenso amor, é Jesus Cristo!



Lane